Quase um ano depois ...

Quase 1 ano depois ...

Essa última semana estou muito sensível, chorando por tudo. Dia 4 de fevereiro foi aniversário de meu esposo Cristiano, um ano atrás passamos a data na UTI do Hospital Aliança, Mel fazendo hemodiálise pela primeira vez na vida, com PAM (acesso que mede a pressão em tempo real), entubada, estado gravíssimo, tivemos medo que ela morresse no dia dele, mas orei muito a Deus para que isso não acontecesse. Deus mais uma vez ouviu minha oração, mesmo entubada e grave, foi o último aniversário que ela pode estar presente, o do papai lindo dela. 

Passei os últimos 15 dias envolvida com a reforma do túmulo de Mel, da lápide, escolha de foto e frase para eternizar ...  isso deve ter mexido comigo também.

Mesmo tanto tempo depois, tem gente que não sabe da morte de Mel. Quarta, dia 5, encontrei um conhecido nosso, ele me perguntou logo: “Cadê a menininha? Tudo bem?” Só bastou isso pra eu chorar... quem não lembra o nome de Mel chama de menininha. Eu respondi que ia fazer 1 ano dia 16 de fevereiro que ela tinha morrido, mas que eu estava com um bebê em casa de 1 mês e meio, nosso Felipe.  Ele, assim como todos, falou um monte de palavras de conforto, tudo que eu ouço sempre, que sou grata por ouvir, mas que não diminuem a minha dor e minha saudade.

Penso que a grande maioria das pessoas devem achar que depois de Felipe não sofro mais, não choro, não sinto saudade de Mel, como se fosse uma substituição. Mas não é, cada filho é único, ela era minha princesa do cabelo mais lindo, do sorriso mais encantador, do cheiro mais gostoso, da pele mais macia, do olhar mais expressivo, ela era minha, minha ...

Mas concordo que Felipe veio para aliviar meu sofrimento, ele ocupa minha mente, preenche meus dias, sorri pra mim e me derrete toda. Felipe é calminho, risonho, guloso, feliz, ama banho, bem parecido com Melzinha, só que moreno, porque Mel era branquinha. E também Felipe parece um pouco comigo, várias pessoas acham, 20% pelo menos acha ...kkkkkkkkkkk

Cristiano brinca que só o cotovelo de Felipe parece com o meu, cheio de graça ele. Mas muita gente fala que parece comigo e 80% fala que parece com Cadu e com o pai. Mas não acho ruim não, o pai é lindo, adoro que pareça com ele. J

As aulas de Cadu começaram, ele agora está no ensino fundamental, cheio de novidades todos os dias. Felipe já espertinho, risonho demais, todo durinho, já sustenta o pescoço, era o sonho que eu tinha com Mel, meu único sonho era que Mel sustentasse o pescoço, esse não deu pra realizar... mas realizei outros. 

Só queria registrar que o tempo é o melhor remédio e que um outro filho é maravilhoso, nos permite sonhar novamente, ter planos e sonhos, sair um pouco da escuridão e ver cores, ver vida, ter ânimo, fazer projetos... é um renascimento. 

Já chorei abraçada a Felipe, mas sei que ele mais que ninguém compreende minha dor, afinal eu passei a gravidez quase toda chorando com saudade de Mel, mas ele também sabe do amor que tenho por ele, da alegria que ele representa pro nosso lar, das muitas declarações que faço pra ele o dia todo. Felipe é risonho como Mel, como eu. Ele é meu grudinho, será meu reflexo também. 

Para as mães que perderam seus filhos, só uma coisa a falar: Não pára de doer, a saudade só aumenta, mas as lágrimas diminuem, aprendemos a viver com nossa dor, aprendemos a ser gratos a Deus e entender que SEUS planos sempre são maiores e melhores que os nossos. 

Eu sigo acreditando que mães não deveriam viver essa dor, mas o espiritismo segue sendo meu consolador. 

Para quem nunca sentiu essa dor, espero que nunca passem por ela. Beijem e abracem os filhos de vocês, sejam presentes em suas vidas, não deixem de fazer nada por eles, não tenham remorso ... eu não tenho remorso nenhum em relação a Mel, fiz tudo que pude o tempo todo, isso serve de consolo em meio a dor profunda. 

Luz e Paz a todos