Viagens com filhos

Primeiro falarei das viagens com Cadu pequeno. Porque é diferente viajar com um filho apenas e viajar com dois. Também tem muita diferença viajar com filho saudável e com filho que inspira cuidados com a saúde.
Cadu sempre mamou no peito, o que facilitava minhas viagens. Depois introduzimos papinha salgada e frutinhas. Quando cresceu um pouquinho comia aquelas papinhas da Nestlé que grande parte da população adere, eu tinha milhares de potinhos de vidro. Então eu priorizava Resorts All Inclusive na Linha verde quando ele era pequeno, porque dava menos trabalho, bastava ficar na piscina com ele, brincar no Kids Club, dava frutinhas do hotel, almoço normal (feijão e arroz), quando ele não queria nada, as papinhas Nestlé nos salvavam. Pra dormir ele mamava no peito, mas também fazia uso de mamadeira com leite Nan na época. A primeira viagem de avião dele foi pra Fortaleza, nos hospedamos no Vila Galé Cumbuco, também resort All  Inclusive. Os resorts da Bahia, conhecemos quase todos (Iberostar Praia do Forte, Grand Palladium Imbassaí, Vila Galé Marés, Costa do Sauípe). Depois fomos para Serras Gaúchas com Cadu, conhecemos Gramado e Canela pela primeira vez, pegamos um frio de 5 graus, usei luvas e gorros em Cadu,ele amou e nem sentiu muito frio. Depois disso levamos Cadu para Brasília, Caldas Novas (ficamos dentro do parque aquático), Goiânia e Rio de Janeiro. Cadu sempre quer almoçar feijão, farinha, arroz e carne, então facilita nossa vida. Na nossa mala sempre tem termômetro, remédio para febre, enjôo e alergia.
Nunca fui de viajar com babá, sempre cuidei de meus filhos sozinha. Somente uma vez que viajei com toda a família, inclusive irmã, cunhado, sobrinho... que levei uma babá para resort. Sem dúvida um luxo que descansa muito a mãe, pois conseguimos comer em paz, tomar banho sossegada, aproveitar as maravilhas que um hotel disponibiliza.
Quando Melzinha nasceu, Cadu tinha 4 anos. Com os dois fizemos algumas viagens. Voltamos as Serras Gaúchas, Mel amou! Se comportou super bem, não adoeceu, uma princesa. Fomos para o Beach Park em Fortaleza com toda a família, minha mãe, irmãs, sobrinhos, cunhados, foi incrível. Também levamos os dois (Cadu e Mel) para Ilha de Boipeba que fica próximo a Morro de São Paulo, foi lá pela primeira vez que Mel mexeu os pés na água, o que sinalizou que ela gostava de estar naquela condição, e nos impulsionou a adiantar a obra da piscina em nossa casa. Estivemos também em Eunápolis, fomos para a Pratinha na Chapada Diamantina com a família, até trilha descemos, porque Cadu foi de tirolesa com o pai. Era primeiro do ano, até esqueci que Mel estava em isolamento até 10 de janeiro porque tinha tido alta 10 de dezembro após um internamento complicado. São Paulo fomos inúmeras vezes, tanto para médicos e internamentos, como para lazer. Salvador também fomos muitas vezes, estivemos em Guarajuba, Itacimirim, Praia do Forte, praias lindas! As viagens para revisão médica ou internamento eram complicadas, sempre  viajei sozinha, carregava muito peso na mochila das costas e mais uma mala gigante despachada. Precisava da ajuda as aeromoças em algumas situações. Diversas vezes fiquei de joelhos no avião para trocar fraldas de Mel que ficava deitava no assento da aeronave. Mas mãe faz coisa que até “Deus” duvida!!! rsrsrsrsrs
As viagens com Mel sempre existiram, mas exigia uma bagagem maior. Com ela precisávamos sair com a caixa de medicação (mais de 15 que usava por dia), aspirador, sondas, soro fisiológico, copinho descartável, luvas estéril, oxímetro, coagulocheck, seringas das medicações (1ml, 3ml, 5ml e 10ml), seringas de 60ml para alimentação  via gastrostomia, mamadeiras para preparar o leite que seria injetado, latas de Neoforte, água mineral,vasilhas com sopas congeladas e em alguns lugares as frutas dela lavadas + liquidificador e peneira próprias.  E quando a viagem era de carro, levávamos o cilindro de oxigênio com as máscaras de venture e cateter de O2.
Muita mãe ao se deparar com toda essa bagagem já teria desistido de levar seu filho para desbravar o mundo, eu entendo. Mas eu não me incomodava, a alegria da minha filha em conhecer cada lugar lindo que ela conheceu paga todo sacrifício que fiz, todo peso que carreguei nos ombros, todas as situações inusitadas que vivemos. Sim, já passei apuros, já precisei aspirar Mel em banheiro de aeroporto, estacionamento de carros, quartos de hotel, era algo comum para mim. Já andava com o aspirador na mochila, soro, luvas e sondas. Depois que meu esposo e Arylma me ensinaram a aspirar, nunca mais fiquei refém de “secreção”, eu ia lá e aspirava o que atrapalhava minha filha respirar direito. Quando não resolvia, usávamos oxigênio, pois tínhamos um cilindro em casa, pagávamos aluguel mensal, em Jacobina temos esse tipo de serviço disponível com Nel, fica na Av. Paulo Souto.
Uma criança com necessidades especiais precisa dessas vivências, de ir a parques, praias, shoppings, igrejas, etc... Eles entendem que estão fora do seu lar, sentem que estão inseridos num contexto maior, em sociedade. Por isso sempre friso a importância de viajar com seus filhos especiais, de levá-los a escola, de fazer com que ele se sinta parte do mundo como ele de fato é. 
Eu sei que é muito trabalhoso, eu mais que ninguém sei disso, pois cuidava dela sozinha quase sempre, mas confesso que o prazer em vê-los felizes é impagável. Faria tudo de novo, quantas vezes fossem necessárias.
Vocês que têm filhos pequenos, viagem com eles, construam suas memórias afetivas, propiciem momentos agradáveis em lugares diferentes, com climas variados, comidas exóticas. Não vejam seus filhos pequenos como empecilhos. Tantos os saudáveis quanto os que carregam limitações. Todos sentem e sabem que estão viajando, podem crê. Mais uma vez imploro que não limitem, não subestimem seus filhos.
Dá pra viajar para qualquer lugar com seus filhos pequenos. Nunca saí do Brasil com Mel porque ela era muito instável, não era possível programar nada, cheguei a perder passagens emitidas para Florianópolis e Curitiba, ela ficou grave foi para UTI no período da viagem. Também não saberia explicar em outro idioma todas as complicações cardíacas e resumo dos internamentos dela. Por isso sempre optei por viajar no Brasil. Em lugares estratégicos que com um vôo me permitisse chegar a Salvador ou São Paulo, tanto fazia um ou outro, estaria em casa. O fato do pai dela ser médico também me dava segurança para viajar. Pois se tivesse algo mais grave, necessidade de introduzir antibióticos, o pai resolvia de imediato. Mas considerem que não é toda criança que é complicada como Mel, então não é desculpa para não viajarem com seus filhos. Repensem seus conceitos. Porque Melzinha, mesmo com tantas limitações, viajou muito, curtiu a vida intensamente, eu sinto orgulho de ter conseguido proporcionar momentos tão incríveis para ela.
No mais, boa viagem e ótimas próximas férias para vocês, vou curtir pelo instagram as viagens de verão de todos, pois com fé em Deus estarei em casa, parida, cuidando de Felipe.
Um dica: Prefiram resorts com crianças pequenas, pois eles dispõe de Copa Kids e Kids Club.
Duas viagens inesquecíveis para crianças: Beach Park em Fortaleza e Natal Luz nas Serras Gaúchas.
Mesmo não atuando como antigamente, em minhas veias corre o amor pela minha profissão, pelo turismo, pelas agências de viagens... Amooo a faculdade que fiz, embora não dê retorno financeiro rsrsrsrsrsrs
Paz e Luz a todos!
Mirela Nobre
Bacharel em Turismo e Hotelaria, formada pela Universidade Estadual da Bahia em 2006.