Histórias do Incor, dos amigos que fiz por lá e de São Paulo

Tenho um carinho especial pelo Incor, minha primeira escola. Com o passar dos meses e anos voltei muitas vezes com Mel para internar, tratar pneumonias, operar, fazer consultas, revisões e exames. Sempre era uma festa porque já conhecia todo mundo, me sentia voltando para casa. Revendo todas aquelas pessoas que tantas vezes me apoiaram, enxugaram minhas lágrimas, trocaram experiências, participamos de “comelanças”, pois elas me convidavam para os aniversários dos funcionários, para os chás de fraldas e eventos que surgiam. Era como se eu fosse membro da equipe, uma funcionária Incor ou apenas amiga como eu me sentia.
Como em todo hospital, eu tinha minhas preferências, aquelas pessoas que me tratavam com mais carinho, cuidado e consideração, porque ficávamos muito fragilizadas com internamentos longos e longe de casa, no meu caso longe da Bahia. Era primordial que encontrássemos paz e paciência nessas pessoas da área de saúde.
 Eu desenvolvi um sexto sentido tão apurado, que reconhecia o tipo de profissional quando ele se aproximava. Sabia reconhecer quem fazia aquele trabalho por amor, quem estava ali por dinheiro ou falta de outra opção, quem era bom de verdade, experiente e amava o que fazia. Sabia quem gostava de Mel, quem gostava de mim, quem gostava das duas e quem não gostava de nenhuma das duas. Mas não me incomodava, nem Jesus agradou a todos e geralmente essas que não gostavam de nós, eram justamente as que eu não gostava,  que minha energia não batia, em todo hospital tinha uma. E eu sabia exatamente quem eram elas.
Mas minha relação de amizade nos hospitais era muito linda, de respeito e consideração. Amava agradar as pessoas que cuidavam de minha filha, distribuir caixas e mais caixas de chocolate diariamente na UTI para os profissionais que estavam de plantão, era uma forma de adoçar o dia deles, muitas vezes com perdas e estresse, era o mínimo que eu podia fazer por tanto carinho a nós dispensados. Se para mim era difícil, imagine para eles, tendo que lidar com mães e pais de todo tipo, de diversos lugares do país, um graus de instrução diversos, uma demanda emocional muito grande realmente, sem contar a preocupação com pacientes graves, que eles tinham laço afetivo, o receio de perdê-los, sempre existe esse medo. Isso não só do Incor, mas de todos os hospitais. Acho tudo igual, só muda o nome da instituição.
Vamos contar histórias do INCOR ( meu primeiro amor hospitalar) e das minhas vivências em São Paulo.
Lembro que uma das vezes que fui à Bahia ver Cadu, ia no sábado e voltava no domingo, levei acarajé para as residentes provarem. Lembro bem que as residentes Dra Kátia e Dra.Paulynne estavam lá na UTI Neo e amaram. Uma vez levei para Dra Filomena também, mas desencontrei dela e acabei dando a outra pessoa na REC (UTI de pós operatório imediato) que não lembro quem foi. Eu fazia muita propaganda na nossa Bahia e das nossas comidas. Sempre fui gulosa. Adorava criticar o cachorro-quente paulista, super esquisito, cheio de coisas dentro, colocavam purê de batatas, cheddar, bacon, achava mega estranho e nem tive coragem de provar. Uma vez estava morrendo de vontade de comer cachorro-quente baiano. Então passei no supermercado e fui para a casa de minha prima Janete. Fiz o molho com: extrato, tomate, cebola, pimentão, caldo knnor e salsicha. Comprei pão, queijo ralado, batata palha, mostarda e catchup. Comi que cansei kkkkkkkkkk. Matei minha vontade. Lembro que minha prima Fernanda estava lá, provou meu cachorro-quente, mas achou super estranho não ter purê para acompanhar. Se ela falasse isso aqui na Bahia o povo ia rir da cara dela e falar que ela era esquisita. Mas já avisei a ela como é o esquema aqui na Bahia, pelo menos em Miguel Calmon, Jacobina e Salvador (morei nas 3 cidades).
Eu sentia falta principalmente da nossa comida quando passava temporadas em São Paulo. Quando vinha aqui levava tempero baiano, corante (coloral), açafrão e outras coisinhas. Já distribuí lá na UTI REC e sempre levava para minhas primas paulistas. Levava farinha também, pois a nossa é única e inigualável para mim.
Em SP eles tinham hábito de comer pastel com molho vinagrete. Certa vez eu estava lá no INCOR e chegou minha prima Rose com um pastel para mim, disse que era dia de feira e tinha passado para pegar um pastel para mim. Adorei né? Comida era comigo mesmo, sou que nem peixe, só morre pela boca kkkkkkk. Quando peguei para comer o pastel, ela me deu um saquinho com o molho vinagrete. Perguntei pra que era aquilo. Ela disse que pra comer com o pastel , pois em SP comiam daquele jeito. Aí avisei que eu não queria, pois pastel na Bahia só comemos com catchup e nada mais. Com os anos passei a apreciar o tal vinagrete no pastel, até já acho bom, mas era estranho no início.
Sempre prestei atenção em como somos diferentes. Mesmo país, mas estados distantes, com culturas muito diferentes. Hábitos e costumes bem peculiares, para começar nas roupas.
Em São Paulo você via de tudo. No início achava estranho, mas bonito, as médicas usarem meia-calça e botas para trabalhar, para dar plantão. Na Bahia temos hábito de usar bota no São João ou cavalgadas. Mas lá faz muito frio e aqui (Miguel Calmon, Jacobina e Salvador)  nunca fez o frio que faz lá, então nem justificava usar todos aqueles casacos e botas para trabalhar. Achava super elegante, lindo mesmo. Coisas que só se vê no sudeste ou sul com certeza. Parece uma besteira, para eles é tão comum, tão normal, mas para mim e outros nordestinos, era bonito ver. Eu amo SP e o frio que faz lá. Até eu comprei uma bota e usava no inverno lá em SP, ficava no hospital de bota, bem paulistinha.
Outra história de SP, mas não do hospital. Pedi as minhas primas Paulinha e Fernanda para me ensinarem a andar de metrô. Eu nunca tinha andado. Aí saí com Fê uma vez, ela me ensinou tudo. Quando aprendi, ninguém me segurava mais. Quando Mel estava dormindo na UTI e as enfermeiras prometiam olhar ela, eu pegava o metrô e ia pra casa de minha prima Rose lavar umas roupinhas, desculpa para sair do hospital um pouco, pois minhas tias sempre lavavam minha roupa e a de Mel. Ou então eu ia rapidinho na 25 de março olhar as coisas, comprar besteira e voltava para o hospital. Às vezes subia até a Avenida Paulista, na estação Brigadeiro, passeava, almoçava e voltava. Era rapidinho, mais me fazia muito bem. Eu sempre me permiti, sempre pensei em minha cabeça e meu bem estar. Nunca fui paranóica. Sempre soube que Mel precisava da mãe bem, para se dedicar a ela com exclusividade e bom humor. Mainha ficava doida quando falava que tinha andado de metrô em SP, mandava eu ficar no hospital que era perigoso,para ter cuidado, mil recomendações de mãe que não sabe que seu filho cresceu. Ela parece que esquecia que eu já tinha meu 34,35 anos naquela época. Eu andava naquelas ruas lembrando dela e o meu pai, contando das viagens deles para SP, das compras que faziam para a loja de mainha (que já tem mais de 30 anos). Lembrava de painho contando quando morou em SP, como era a vida dele, como aprendeu a dirigir em plena Avenida Paulista, passava um filme em minha cabeça. Amo São Paulo e as pessoas que lá vivem.
Voltando para o hospital. Eu tinha muitas amigas, tanto da equipe médica como outras mães. O INCOR é completo, tudo que você pensar tem ali. No INCOR tinha muita opção para comer, fome não passava (já passei fome nos outros hospitais na madrugada, principalmente do Hospital Santa Izabel) . Tinha uma lanchonete 24h, uma Casa do Pão de Queijo que fechava às 19h ou 20h, não lembro. Tinha o restaurante dos médicos que abria para o almoço e era aberto ao público. Tinha também o restaurante dos funcionários que abria café, almoço e ceia 23h. Eu e Andréia (mãe de Amanda da UTI) íamos quase todos os dias. Déa era amigona, parceira mesmo. Como não tínhamos hora de dormir, nem dormíamos às vezes, sentíamos muita fome e sempre jantávamos nesse restaurante das 23h. Tinha sempre sopa, salada verde, feijão, carne e arroz. O povo em SP tem hábito de jantar à noite, diferente de nós aqui na Bahia. O Incor também tinha salão de beleza, podíamos dar uma fugidinha para cuidar dos cabelos, unhas, sobrancelhas etc. O salão ficava lá no grêmio, depois do restaurante dos funcionários, tinha até um Bradesco lá dentro. Muitas vezes tinha feirinha de mercadorias, vendendo sapatos Arezzo e marcas famosas. Vendia tortas também e tinha aula de Yoga, tudo dentro do INCOR, não precisávamos sair, tínhamos tudo lá. Uma beleza!!!! Os outros hospitais podiam se espelhar.
Eu e Déa também saíamos para comer pizza. Sempre fomos muito próximas. Quando Amandinha morreu, eu senti muito por ela, pois Amandinha era única filha e ela já estava separada do marido, não lembro se chegou a fazer 1 ano. Lembro muito de Déa falando que Mel era linda, que amava me ver passear com ela nos corredores do 5 andar. Ela me contou que nunca teve a chance de passear com a filha, nem dar um banho sem fios. Ainda assim, Déa era sorridente, confiante, um espírito de luz com certeza. Ela me explicava muito sobre espiritismo, nessa época eu estava começando a ser catequizada na doutrina, dando os primeiros passos. Somos amigas até hoje, ela inclusive adotou uma menina, manda fotos, sempre muito feliz, fico contente por ela. Também me consola e lamenta a minha perda, ela também era testemunha do meu amor por Mel.
Outra grande amiga do INCOR é Tatiana, mãe de Arthur, transplantado. Eles são de Brasília. Tati é um doce, sempre muito católica, cheia de fé. O filho era bebê, tinha só metade do coração, mas lutava como gente grande. Tati me entendia bem, pois a filha Amanda e o esposo Anderson ficavam mais em Brasília e ela sozinha em SP, assim como eu. Mas ela alugava um quartinho numa pousada próxima, para descansar às vezes. E eu morava no hospital, não revezava nunca com ninguém, mas amava que fosse daquele jeito. Não me sentia cansada. Na verdade, não sairia de lá por nada e nem por ninguém. Eu amava saber tudo de minha filha.
Arthur graças a Deus está bem, com o coração novo, sendo assistido pelo INCOR Brasília e Tati segue sendo minha amiga. Chorou e sofreu com a perda de Mel. Ela também achava Mel linda e também sabia do nosso grude. Muitas vezes rezou incessantemente por Mel.
Outro casal muito meu amigo era Ana Paula e Paulo, os pais do Paulo Augusto, o bebê mais lindo do INCOR, era gorducho, com olhos verdes e bem branco, lindo de viver. Também fez várias cirurgias cardíacas, moram em Presidente Prudente. Paulinho está enorme, mandava áudios para Mel, dizia que queria vir na casa da Mel na Bahia, a coisa mais linda do mundo, sou louca por ele. Uma vez ele estava dormindo, quando bebê, na semi-uti e os pais saíram para almoçar. A semi UTI estava com uns 5 leitos ocupados e nessa hora do almoço só tinha um técnico. Aí dois bebês começaram a chorar desesperadamente, um era Paulinho, que estava perto de Mel. A ordem é clara lá, mãe nenhuma pode encostar e nem pegar na criança do lado, para não levar vírus ou bactérias. Mas nessa hora, com Mel dormindo, os bebês gritando, fiquei agoniada. Enquanto o técnico pegava um, eu peguei Paulinho no colo e acalmei ele até os pais chegarem. Sabíamos que estávamos infringindo a lei, mas não podíamos deixar o bebê gritar tanto, o coração dele podia acelerar muito pelo estresse. Deu tudo certo e nesse dia fiquei amiga de Aninha e Paulo, os pais do bebê Johnson. Eles eram apaixonados por Mel. Quando Mel fez 4 anos, eles estavam lá para revisão de Paulinho e subiram (um de cada vez) até o sexto andar para pegar Mel no colo e dar beijo. Paulo é um homem de muita fé em Deus, sempre mandou mensagens de uma força e fé para meu facebook. Ana Paula sempre comigo pelo whatsapp, rezando por Mel o tempo todo e acompanhando nossa trajetória. Eles também sofreram muito com a perda de Mel.
Outras grandes amigas eram Keila,Marta,Fernanda, Vânia, Hilda, Shirley... Sempre companheiras das noites de UTI, dos jantares, do chá 20h, das orações. Até hoje falo com Keila no whatsapp para ter notícias de Samuel e com Shirley para saber de Juninho pelo facebook. Depois que Hilda perdeu a filha não tive mais contato com ela. Marta eu tenho notícias às vezes pelo facebook, Lorena decanulou a traqueostomia e esta super bem graças a Deus, essa já deu muito susto em nós, já fez sua mãezinha evangélica colocar muito joelho no chão em oração.  Vânia está grávida da segunda menina e estou super feliz por ela. Fernanda perdeu Marina em dezembro, nos encontramos recentemente em SP, mas nos falamos sempre pelo whatsapp.
Não vou falar dos pais porque tem muita gente, se eu esquecer alguém como os lindos pequeninos Adriel, Joãozinho (ambos nordestinos) e tantos outros os pais vão ficar chateados, pois somos amigos no facebook. Tenho foto de Joãozinho lindo de olho verde e loiro com Mel, a mãe Lú falava que eram amiguinhos.
Vamos falar dos meus amores no Incor, das histórias que vivi por lá.
A técnica Erinéia era uma das minhas grandes amigas. Eri era técnica na UTI, porém formada em enfermagem e pós graduada, super competente, um amorzinho. Lembro que um dia saímos para comer no shopping perto do INCOR na paulista, fomos e voltamos de metrô, ela me deixou lá na porta para eu não me perder. Outra que saía para comer comigo era a enfermeira Júlia, muito querida, mãe da pequena Manu.
A enfermeira Taty Izumi era minha paixão máxima, mãe de Mariana apenas na época, hoje já tem 2 japonesinhas em casa, uma mais linda que a outra. Taty não podia sair para comer porque vivia na correria, mas cuidava de Mel com tanto amor, que me deixava em paz. Os penteados mais lindos que Mel já teve foram feitos por Taty.
Daniela Nicolau era outra enfermeira apaixonada por Mel, até colocou o nome da filha dela Melissa em homenagem a minha Mel. Dani contava os casos falando: “minha irmã” isso isso e isso... mas falava com aquele sotaque bem paulista, achava o máximo. Até hoje nos falamos pelo Whatsapp.
A técnica Vanessa, também enfermeira formada (como quase todas as técnicas da UTI), enfeitava Mel toda, era a dupla perfeita quando juntava com Taty. Abriam a mala de rodinhas de Mel, pegavam as roupas novas, faziam penteados (especialidade de Taty), enchiam de perfume, faziam Mel de boneca, são aquelas que amam a UTI sabe? Que cuidam com amor, como se fosse uma missão, que elas desempenham com louvor.
Muitas eram assim incríveis. Erinéia e Fátima, técnicas da noite eram as melhores pro banho, molhavam tudo, davam banho de banheira, lavam o cabelo, era uma folia, eu amava quando elas avisavam “Vamos entrar em Mel”, significava que começariam o banho, controle de sinais e tudo mais que se fizesse necessário. Eu sempre aproveitava a hora do banho para segurar Mel no colo, lavar o cabelo, aproveitar minha filha um pouco. Elas falavam que eu era diferente, pois na hora do banho as mães subiam para tomar café e deixavam suas crianças por conta da equipe, eu fazia justamente o contrário, fazia questão de ajudar, falavam, que se na UTI tivessem umas 5 mães como eu, seria muito diferente. Eu me sentia lisonjeada, amava esse contato físico com minha filha.
As enfermeiras da noite eram muito boas também, gostava muito de Helô, Lilian, Grazi, Carla (mas ela preferia os bebês entubados), Jana e tantas outras que seria até injusto listar os nomes um a um.
As fisioterapeutas eram um amor à parte, amava todas, mas preferia Denise pela manhã, Kely e Clarice à tarde e Dani à noite, elas eram mais sorridentes, conversavam muito comigo. Dani estava grávida de Maria Eduarda, primeira filha, no último internamento de Mel, hoje ela já tem 2 meninas, eu fui para o chá de fraldas de Duda. Denise é mais experiente, nossa chefona maior, um poço de sabedoria. Kely outra fofa, mãe de 2 princesas já crescidas, sempre otimista e muito competente. Clarice é oriental, mais calada, porém competente do mesmo jeito.
A chefe da enfermagem que eu adorava era dona Cecília da REc e dona Maísa do 5 andar, às duas muito humanas e igualmente competentes, moram em meu coração.
Equipe médica, incluindo as residentes e suas histórias, nem posso contar os casos, ficam lá mesmo no Incor, muita história, muito romance, eu era amiga deles e sabia dos bastidores, também não contarei aqui.
Me aproximei muito de Paullyne, Milena (porque era baiana), Fabi, Renata e Luísa. Com o passar dos anos acompanhei elas sendo R1, R2 e por fim R3, iam me apresentando aos novatos e nos “recomendando”,lembro de Naty, Gabriel, Ana,Paulo, todos muito bons também. De todos eu mantenho contato com Luísa Kalil até hoje, ela já voltou para Porto Alegre, mas sempre esteve à disposição, acompanhou todos os internamentos de Mel, quando via pegava no colo e beijava, gostava verdadeiramente de nós duas. No último plantão dela na REC como R3 eu me acabei de chorar, me senti um pouco sozinha naquele dia. Mas até hoje somos amigas e ela também chorou muito a morte de Mel. Escreveu o depoimento mais marcante de todos, me fez chorar litros, torço muito pela felicidade dela.
As médicas que mais me aproximei foram: Dra Ana MariaThomás, Dra Cris, Dra Mônica e Dra Paula do 5 andar. Mas na REC eu tinha meu porto seguro, Dra Filomena Galas, na minha opinião, melhor médica do país, eu já vi aquela mulher salvar vidas, lutar por vidas, reanimar pacientes, pegar acesso central, fazer de um tudoooo que se possa imaginar dentro de uma UTI. Quando Mel ia operar ela entrava em todas as cirurgias, era como se fosse nosso anjo da guarda. Ela é admirada por todos, eu mesma sou fã de carteirinha. Outra grande paixão é Dra Solimar. Muitas mães, achavam ela durona, fria, falavam mal, mas eu tenho minha opinião formada, sou louca por ela,amo de paixão, ela sempre foi minha amiga, cuidava de Mel como filha, nos plantões de terça conversávamos sobre os mergulhos, via fotos das viagens dela pelo mundo, contava dos pais, da irmã e até do sobrinho “Pafuncinho”, ia nascer e não tinha nome, então ela inventou esse apelido enquanto não nascia. Eu nem lembro o nome do guri, mas gravei “Pafuncinho” porque é engraçadinho.
Outra super competente, que admiro é Dra Vanessa, alagoana retada, mega inteligente. Dra Carol uma fofa, tem a doçura das mães, até hoje nos falamos pelo whatsapp. Dra Miriam também oriental, muito competente, ela quem estava no plantão que Bellinha faleceu na Ecmo, lutou por mais de 40 min pela vida de Bellinha, infelizmente não foi da vontade de Deus que nossa princesa down sobrevivesse, eu sofri muito aquela perda. Tinha Dr. Fabian também, mais sério, porém muito competente. A mais alegre era Dra Marcinha, uma boneca loira de olho claro, hoje ela já e mãe e também falava muito comigo, principalmente naquele internamento da parada do marca-passo ano passado.  Gosto demais dela e do pessoal da REC. Tinha também a Dra Adriana que estava grávida, depois saiu de licença, o bebê dela já deve está enorme, mas eu não era muito próxima dela não.
São muitas pessoas e muitas histórias, acho que só o INCOR daria um livro. Foram muitas madrugadas acordas, muitas noites conversando com outras mães, muitas perdas presenciadas, tudo muito intenso. Eu realmente amo o INCOR, amo UTI, considero o melhor lugar dentro de um hospital.
Eu sempre volto ao INCOR nas minhas idas a São Paulo, mas muita gente saiu. Sinto falta de chegar lá e encontrar Viviane, Ana Carla, Vanessa, as gêmeas Ana Carla e Ana Flávia, todas essas pessoas incríveis que me ensinaram muito.
Ana Carla era minha bruxinha preferida, via anjos, descobria dores dos bebês por telepatia, coisas que só se via no Incor. Amava estar na presença dela, sempre me fez muito bem. Uma nordestina iluminada com certeza.
Só peço que essa galera siga salvando vidas, amando o próximo como a si mesmo, sendo paciente com as famílias, fazendo sempre o melhor que são capazes. Que Deus abençoe todos que já pisaram seus pés no INCOR SP. Eu amo aquele templo! Eles têm minha eterna gratidão.



Comentários

  1. Eu li, mas nso só isso, eu estive lá, andei pelos corredores, almocei no restaurante dos médicos e funcionários, comi pão de queijo à noite e tomei chá , dai de metrô mas peguei aquele com entrada na consolação não peguei o clínicas porque quis caminhar tb , aquela entrada do HCFMUSP é tombada, é linda, e a banca de flores à frente é um desbunde. Fui tb pra 25, junto com Mirela , pelo menos por aqui , por meio deste relato maravilhoso e vivo como só ela sabe descrever . Não tem o que dizer, tudo tão verdadeiro e minucioso. Parece que no INCOR são sim os mais, os mais tudo , claro que naquele hospitalzinho pequeno , sem investimento lá no interior do Acre,tb tem um desses, talvez lá seja ainda mais importante ter um desses profissional anjo, mas 0 INCOR tem vários talvez pelo tamanho dele, nso sei. Mirela vc fez das internações da sua filha, a coisa mais difícil do mundo, uma festa. Nós escolhemos a estrada onde vamos caminhar, pegaremos os atalhos quando convenientes , recolheremos os galhos secos pelo caminho , aguaremos uma plantinha vc andou acompanhada por Mel em sua estrada pegou o galho seco com uma mão mas só mostrou a ela, o que fez a outra mão, o regador e as flores.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Alguns erros de português, desculpem-me mas não conseguia ver o texto antes de publica-lo.

      Excluir
    2. Obrigada por tudo amiga, por estar sempre aqui, pela visita semana passada, pela torcida... que Deus te abençoe sempre. beijos mil

      Excluir
  2. Que textão amiga!! Exatamente como Chri comentou logo acima, para quem não tem a vivência de hospital, você consegue descrever de forma tão real que parece que estivemos lá com você!! Me fez recordar que também já dormi esfomeada no Santa Izabel e já passei noites em claro por causa do frio no São Rafael, no Santa eles permitiam levar cobertor, pra minha sorte!!! Mas você me fez lembrar disso com leveza, cheguei a sorrir...❤️😚

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Verdade amiga, hospital é tudo igual, quem muda são as pessoas e forma como conduzem a estadia dentro deles. Você já aprendeu muito, tomara que não precise mais de hospital com Mamá. beijos!Amo vc!

      Excluir
  3. É amiga. Lendo sua postagem passou um filme pela minha cabeça. Foram momentos difíceis em nossas vidas mas que “Senhor da vida” nos conduzia em todos os momentos, nos cercando de anjos, como eu sempre disse, disfarçados de profissionais da Saúde, que cuidavam não só dos nossos anjinhos guerreiros, mas também de nos. Além dos anjos de branco, Deus colocou e nossas vidas outros seres de luz, entre os quais você e o ser mais angelical que já conheci: a sempre doce MEL, verdadeiramente um Anjo de Luz, um ser que em sua tão breve passagem por esta dimensão, mesmo sem dizer uma palavra, falava direto ao coração de quem dela se aproximava. Não esqueço do dia que cheguei na REC para ficar com o Paulo Augusto e ele fazia todo o esforço para olhar para o lado e devido à insistência dele olhei, e ali estava Mel. Parece até que ele não podia vê-la, mesmo porque havia uma divisória entre os dois leitos, mas ele podia sentí-la. Você e Mel viveram a mais linda história de amor; era difícil olhar pra Mel e não te ver, da mesma forma, não tem como olhar pra você e não sentir a presença de Mel. Foi uma breve passagem mas suficiente para espalhar amor no coração de todas as pessoas por onde passou. Sempre foi amor e paz e hoje encontra-se junto com o Senhor da Paz.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Obrigada pelas palavras de sempre amigo, pela fé que vcs sempre demonstraram e por todo amor a nós dispensado. Deus cuide da linda família de vcs. Beijo no coração de cada um!

      Excluir

Postar um comentário

Postagens mais visitadas deste blog

Reflexão 2019

Pulseira e brinco

Ensaio de gestante