Mensagem de Ismênia


A chegada da “menina luz”, impregnada de surpresa, com ela, o horizonte cheio de zigue-zagues a ser descortinado pela família e por todos nós.
A caminhada, tão árdua quanto doce e instrutiva. Quem por ventura a conheceu, e agora, seria capaz de ser indiferente aos cromossomos que nos torna tão iguais e diferentes ao mesmo tempo?
Não há como dizer, que que antes de Mel, tínhamos um olhar tão amoroso, consciente e aberto as possibilidades de aprender a viver em meio a diversidade.
SEU olhar, capaz de educar e trazer ensinamentos tão densos, a ponto de proporcionar saberes, apenas com um sorriso.
Ela acolheu as nossas manifestações de amor, gestos de carinho e mesmo na dor, nos impulsionou a crer no impossível.
O nosso olhar, diante da vida, ficou diferente... mergulhamos no mundo Down, percorremos corredores que nos apresentaram as UTI’s, podemos entender o quanto uma mãe pode ser tão múltipla e diferentemente capaz de ser especial, além do que toda mãe já é.
E o que tiramos de toda essa experiência? Que viver é a melhor e maior dádiva. E amar, não se limita a cariótipos ou trissomias.  E ainda que os clichês nos embebeçam de frases feitas como: “somos todos iguais”, a verdade, é que na diferença, somos únicos na mesma medida do amor que nos vela a criação divina. MEL é ÚNICA.
Sua passagem por aqui e semeou resistência, bom humor,  força e amor. Ela não desistiu. Com humildade, aceitava os desafios da frágil saúde e sempre dava a volta por cima. Toda sua luta em permanência entre nós, havia um para quê.
Tenho certeza que, todas as lições de convivência, de amor ao próximo, determinação, resiliência e luta pela vida, hoje, nos imprime um olhar de humanidade, nos limita o egoísmo, e nos confere a consciência de não sermos tão soberbos e pequenos diante das superficialidades deste mundo desorganizado e empobrecido de amor, no qual vivemos.
Mel não era daqui, ela passou por entre nós. Se lembrarmos das palavras do livro sagrado, que há milênios disse “vos não sois deste mundo”, veremos nela a menina do laço de fita, que atendia pelo nome de Melissa tinha uma missão mais honrosa desafiadora: ser anjo, luz e guia ao lado de Papai do céu. Aqui, sua missão foi ensinada. E é fácil perceber seu legado, o qual nos deixa a lição de que nós, pobres seres humanos e mortais cheios de limitações, preconceitos, defeitos e julgamentos escondidos na falha da alma humana devamos de fato amar uns aos outros independente de estereótipos, crenças e normatizações.
Assim, resta-nos garantir de agora por diante, fazer a diferença entre tantos indiferentes, aceitar, acolher docemente todas as Mel’s que temos ainda por aqui, e aspirar esperança de dias mais luminosos para aquelas que ainda estão por vir. Quanto a ela, resta-nos a contemplar a lembrança no céu e mirar na noite, o brilho da sagrada criação divina, Mel, a estrela.




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