Histórias de hospital
Certa vez dei entrada na emergência do Hospital
Santa Izabel em Salvador com Melissa bem mal,mais uma das dezenas de pneumonias
que teve,saturando baixo, taquipneica e hipoativa.
Ela sempre era prioridade no atendimento,
bastava dar o histórico da paciente. Então,nesse dia, tinha uma médica nova que
não nos conhecia,começou a falar alto com a equipe que era muita
irresponsabilidade minha morar no interior com uma criança que tinha essa
cardiopatia tão grave. Falou que ia entubar Melissa alí mesmo na emergência.
Olhei pra ela bem séria e falei: Doutora,eu
tenho segurança em morar no interior,meu esposo, pai dela,é médico. Nós temos
estrutura para trazer Melissa qualquer horário do dia ou da noite se for
necessário, como fiz agora. E outra coisa, a senhora não vai entubar minha
filha aqui na emergência não. A senhora vai mandar ela pra UTI pediátrica, lá o
médico vai colocar ela no CPAP e com dobutamina,se ainda assim ela não reagir,lá
na UTI o médico entuba ela.
A médica ficou furiosa comigo.
Mas ela percebeu que não se tratava de
uma mãe leiga. Sabia que era uma pessoa instruída e com conhecimento de causa.
Assim ela fez... Mandou Mel pra UTI.
Lá também tinha uma médica muito boa que
não nos conhecia, Dra. Ângela. Ela examinou Mel e falou: Mãe,teremos
que entrar com droga vasoativa. Olhei pra ela e falei: Dobuta de 1 ou de 2??
Ela respondeu: de 2. Você é médica?? Respondi que não, mas era mãe de Mel e
sabia tudo que se passava com ela porque estava presente em 100% dos
internamentos.
Mel ficou ótima e eu amo a equipe do
Hospital Santa Izabel, seria até injusto citar o nome de algumas pessoas
apenas. E ao longo dos anos a pergunta que mais ouvi foi essa: você é médica???
E sempre respondi: Não, sou mãe de Mel. Procurei entender tudo para me
tornar a melhor mãe que ela poderia ter.
Conselho as mães: Amem muito seus filhos,
sejam presentes, sorriam, não reclamem. Procurem entender o que se passa com
eles e de que forma podem ajudar. Não queiram saber mais que os médicos, apenas
peçam explicações. Eu sou um pouco 'desaforada',mas sempre respeitei a todos.
Nunca fui grossa com ninguém.
O fato de ter marido médico não me fez aprender
tudo que aprendi esses anos. Aprendi nas UTIs da vida,com enfermeiros,técnicas,
residentes,fisioterapeutas e médicos, todos sempre tiveram boa vontade de me
ensinar e eu, de aprender!
Conselho: humildade e sorriso no rosto fazem a
diferença.
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