1 mês sem Mel: 16 de Março de 2019
Nesse um mês escuto sempre as mesmas coisas. As pessoas me
perguntam como estou, falam que sentem muito, falam que Mel está bem, que
melhor ela ter ido primeiro que eu, senão o que seria da vida dela sem mãe?
Essa última colocação até faz sentido, Deus não permitiria que minha filha
ficasse desamparada sem mãe, sem meu amor e meu cuidado. Então melhor que seja
eu a sofrer com essa ausência e não ela.
Eu tenho entendimento que Deus faz tudo certo, já rezei muito esses
dias todos,até ajoelhada chorando, implorando a Deus que me ajudasse a ter
alegria de viver novamente. Não tenho perfil de uma pessoa depressiva, não sou
de lamentações, quando não estou bem, eu me calo, choro, sinto minha dor, pego
meu celular e olho fotos e vídeos mil vezes.
O que tenho certeza absoluta é que ninguém está sofrendo como eu,
que esse vazio é exclusividade minha. Que as lágrimas derramadas por mim são
sinceras e cheias de saudade.
Não estou cobrando lágrimas de ninguém, não precisa ninguém
sofrer. Eu sei que muitos amigos estão sentindo essa falta também, recebo
muitas mensagens, fotos, depoimentos, tudo muito cheio de verdade.
Minhas amigas estão sempre grudadas, umas fisicamente, outras por
celular, me amparando e escutando eu chorar, sentindo meu sofrimento e tentando
me consolar.
Já houve dias de ir à rua e as pessoas perguntarem por MEL, essa
foi a pior parte, falar que ela tinha morrido, ao mesmo tempo que eu
respondia,as lágrimas escorriam.
Até as pessoas ficavam sem palavras e com o semblante triste, eu
podia ver na face delas o sentimento de compaixão por mim. Elas me olhavam como
se dissessem: coitada de você, sinto muito. Eu via claramente que estavam com
pena de mim.
Houveram também os que me deram seu depoimento de perda, da força
que Deus os deu para seguir em frente. Agradeço pelas palavras. Espero chegar a
esse patamar que vocês se encontram.
Muitas foram às manifestações de carinho para comigo, uns mandaram
flores, outros cartões, presentes, presença, algumas trouxeram gordices para
garantir que eu não fique com fome. Essa minha fama de gulosa já ultrapassou os
limites da Bahia.
Eu ocupo meu tempo, saio com amigos, vou ao pilates, à academia,ao
RPG, levo e pego Cadu nas atividades dele, faço feira, mercado,vou ao banco, ao
comércio,leio ( li em um dia Até Breve José), vou para Miguel Calmon ficar com
a minha família,escrevo para meu blog e quando a saudade já não cabe mais em
mim, choro,choro,choro,vejo fotos e me acalmo. Não há nada que eu possa fazer.
Tudo é muito novo, muito sofrido. Eu sabia que doía, mas não sabia
que era tanto. A verdade é que mãe nenhuma é preparada para perder seu filho,
mesmo que ele tenha a saúde frágil e viva no limite.
Algumas vezes neste mês, me peguei ligando pra UTI do Hospital
Aliança para falar com as meninas de plantão, saber quantos pacientes estão
internados, como elas estão, essas coisas cotidianas de quem tem intimidade.
Porque nossa relação é de amizade. Acho que liguei mesmo para ser consolada por
elas, porque elas sabem o tamanho do meu amor e da falta que estou sentindo.
Para dizer a elas que estou sofrendo muito, que dói absurdamente, que queria
muito estar lá no hospital com elas, dando risada, oferecendo chocolates,
falando de maridos, sogras, filhos,conhecidos,viagens e qualquer
coisa que nos fizesse sorrir. Das piadas que eu fazia, dizendo que íamos passar
o plantão, quando já não fazia por whatsapp antecipadamente (Sâmara e Paloma
bem sabem) ou via Instagram. Nanda, enfermeira fofinha, dizia que abria o
Instagram para pegar o plantão antes de chegar ao hospital. Amava conversar com
ela, a espiritualidade dela é muito forte, me fazia bem. Tenho muito amor e
gratidão por essas equipes que cuidaram de Mel ao longo dos anos.
Sabe, sinto muita falta de estar na UTI,me sentia em casa, até
leito eu tinha sabia? Leito 6 da UTI pediátrica do Hospital Aliança,meu
preferido. O mais escurinho, dava pra dormir e também porque era Sol a técnica
de enfermagem responsável, ela sempre dava banho em Mel e lavava os cabelos
ouvindo som alto de Flávio José ou outro forró massa. Nunca ouvi um não de Sol.
Todas as vezes que pedi para lavar e secar os cabelos de Melzinha ela estava de
acordo.
Nostálgico tudo isso não é? Mas queria de verdade estar lá
internada com Mel e dando pressão para Mel ter alta em determinada data porque
teríamos “tal “ evento. Eu era desse tipo, sempre pensava na alta dela, na
maioria das vezes dava certo, era muito positivo meu pensamento.
Mas é isso, essa história que o povo me diz que o tempo vai
amenizando, não aconteceu,deve ser um tempo de anos que o povo se refere,
porque nesse um mês a saudade só piora, eu sofro mais, a falta física dói
muito, dói demais. Muitas noites quando começo a chorar, recebo o abraço de
Cadu e Cristiano, muito bom receber esse carinho deles, mas não diminui meu
sofrimento. Creio que somente Deus poderá amenizar meu sofrimento, estou me
apegando à ELE.
No mais sigo vivendo como dá para viver, com um sorriso no rosto
bem desbotado, sem vida nos olhos, vivendo por viver. Mostrando uma força que
nem eu conhecia, mas na verdade me blindando. Nem todos têm pensamentos bons,
percebi que tem gente que fica feliz com o sofrimento alheio. Graças à Deus
essas pessoas más são minoria. E o amor que me cerca é muito maior.
Meu lema agora é “um dia de cada vez”.
Que seja feita a vontade de Deus sempre!
Mi, que lindo seu blog. Melzinha estará pra sempre em meu coração. Obrigada pelo carinho de sempre. Lendo agora e relembrando nossos momentos, os banhos regados a muito forró. Ê saudade! Um beijo em seu coração. #tmj
ResponderExcluirObrigada Sol por ter sido tão incrível conosco!!! Deus siga te abençoando!!! Estarás sempre em meu coração!!
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