Nossa família Paulista

NOSSA FAMÍLIA PAULISTA
As pessoas que me conhecem, sabem que amo família, que considero inclusive os primos bem distantes, aqueles ditos “primo atrás da serra”, que são de 5°grau ou 6°grau. Pois bem, hoje quero falar dessa família que tenho em SP.
Meu pai, José Miranda, morou em SP muitos e muitos anos na juventude. Ele sempre me contou suas histórias, com seus primos de segundo grau, terceiro grau, pessoas incríveis, que saíram da Bahia, mais precisamente de Miguel Calmon, na década de 60/70 para tentar a vida em São Paulo capital. Foram os famosos retirantes, que fizeram parte do êxodo rural tão citado na história do Brasil.
Essa família incrível, sempre esteve presente em nosso lar, nas histórias de painho, nas muitas vezes que painho e mainha viajaram até SP para fazerem compras para a loja de mainha (que tem quase 35 anos), nas cartas que trocávamos,lembro que já troquei cartas com Paulinha, filha de tia Deli, quase da minha idade, admirava demais a inteligência dela. Quando eles vinham passear na Bahia visitavam minha casa, nossa paixão era Iranzinho e Idinha. Nos falávamos por telefone às vezes. Quando eles faleceram sofremos muito, painho e mainha se hospedavam no apartamento deles em SP, eles eram irmãos, uns anjos.
Outro clã muito próximo ao nosso dia a dia era Jane, Janete, Jovaldo e família. Meu pai era padrinho de Janete, muito amigo de Jovaldo e primo de tia Valdeni. Tínhamos até ciúmes de Janete quando crianças, mainha sempre falou do amor que ele tinha pela afilhada querida. Meu pai era um anjo, que plantou a semente do bem durante sua vida, nos ensinou isso e eu, pude receber os frutos de todo o amor que ele plantou na vida.
Quando descobri a cardiopatia de Mel, entrei em contato com minha prima Jane. Ela não só resolveu tudo em SP para mim junto com as filhas, como ficou em Salvador 15 dias quando Mel nasceu, largou filhos e netos em SP para ficar comigo. No início das idas para SP, ela e seus parentes mais próximos, me pegavam e levavam no aeroporto, nas consultas, me apoiavam como podiam. Nunca mediram esforços para tornar nossa vida mais leve e feliz. Sem contar na fé gigante que ela possui, uma fonte inesgotável de otimismo e amor.
Quando ela sentiu que nem sempre poderia estar ao meu lado, entrou em contato com a nossa prima Rose, que é tão incrível quanto ela, e pediu que entrasse nessa corrente do bem. Para juntos me darem o apoio que eu necessitaria dalí por diante.
Com Rose vieram junto tia Ni, tia Deli, tia Zina, Neuraci, Juliana, Vavá, tio Everton, Fabrício, Paulinha, Cacá, Neila, Neuber, Simone, Anderson, Ailton, Adriana, Silvio e a família inteira de São Paulo, mais de 200 primos, que adoravam meu pai, e uma vez me confessaram que não me conheciam, mas pelo meu pai fariam tudo que estivesse ao alcance deles, pois meu pai foi um homem ímpar e do coração gigante. Eu chorei de emoção, sempre soube que meu pai era sensacional, mas me senti honrada em receber tanto amor que ele plantou, me senti ainda mais na obrigação de mostrar a todos eles que eu sou muito parecida com painho, que herdei os mesmos princípios, a mesma fé, otimismo, alegria e simpatia dele. Vocês não têm noção do que essa minha família paulista já fez por mim e por Mel.
Nos muitos internamentos do Incor, eles iam me visitar, ficavam com Mel quando eu precisava sair por qualquer motivo, lavavam e passavam nossa roupa suja toda semana, levavam coisas gostosas para eu comer, iam almoçar comigo no hospital ou nos arredores, apareciam nos momentos que eu estava mais chorosa e fragilizada, faziam eu me sentir amada e cuidada. Até aniversário para mim fizeram na casa de Paulinha, no ano de 2015 que fiquei 5 meses com Mel internada. Sem esse suporte teria sido muito difícil, pois eu estava sozinha em SP. Minha prima carnal Regiane morava no interior de SP, muito longe e ainda tinha 3 filhos pequenos, não podia largar tudo pra ficar indo a SP toda semana me ver. Meu tio Valdé, irmão de painho, mora em Bauru e a sua saúde inspira cuidados, ele já é mais velho, não podia contar com ele fisicamente, só com suas orações. Eles não estavam perto, somente porque não podiam  mesmo, pois vontade não faltava.
Então quero dizer a vocês, nem sempre os parentes de primeiro grau são os que te acolhem no momento difícil, muitas vezes nem são do seu sangue, são do coração. Essa minha família paulista foi meu alicerce, meu suporte, foi tudo pra mim no momento mais difícil da minha vida, foram anjos que Deus me apresentou e hoje são íntimos meus. Mesmo que eu viva mil anos, não conseguirei agradecer e retribuir tudo que fizeram por nós.
Rose e Everton hoje são irmãos que eu e Cristiano temos, eles amam Mel e Cadu como se fossem filhos deles, bastava Mel piorar em Salvador que eles pegavam o avião em SP para nos visitar na UTI. Aniversário de Cadu, mesmo sem festa, pegavam o avião e vinham para Jacobina. Nossos réveillons são juntos, grudados, eles fazem questão de vir pra Bahia, sem contar que Everton e Cristiano se falam todos os dias, são irmãos que Mel apresentou. Everton só entrou na UTI uma vez, só no Hospital Aliança para visitar Mel em Salvador. Nunca mediu esforços para estar perto. Quando eu ia com Mel para SP, avisava um mês antes para ele fazer a agenda de trabalho. Muitas vezes cancelava reuniões e compromissos para que eu não pegasse uber, fazia questão de nos levar em todas as consultas.
Rose sempre me diz: “Minha prima, como nossa Mel é maravilhosa, se não fosse por ela, nós não teríamos a chance de conhecer sua linda família, você é maravilhosa minha prima, vocês são muito importantes para mim, eu amo sua família.” Ela sempre fala isso. Amamos a família dela também.
Concordo com ela, Mel trouxe essa família linda pra perto de mim. Janete é outra que aprendi a amar, antes só amava Jane, hoje amo todas essas primas paulistas. Janete é minha “bruxinha” favorita, advinha o que sentimos e pensamos, tem uma luz linda. Lembro que certa vez, estava eu no Incor, muito triste e pensando muito em Janete, estava querendo vê-la, ouvir alguma coisa dela que não sabia o que era, mas era dia de semana e a tarde, sabia que era impossível encontrar com ela, pois ela trabalha os três turnos, nunca vi trabalhar tanto! Então telefonei pra ela, como quem não quer nada, falando: “Oi prima, tudo bem? Estou com saudade”. Ela disse: “Estou indo aí te ver, mandaram.” Quando ela fala mandaram, são os anjos da guarda dela soprando aos ouvidos. Fiquei tão feliz, que transmissão de pensamento, que sintonia forte a nossa, até hoje é assim. Não nos falamos todos os dias, mas quando nos falamos, passamos mais de uma hora ao telefone, amo conversar com ela.
Certa vez estava em SP, tinha o sonho de conhecer a Arena Corinthians, pois meu pai e metade da família é Corinthiana! Então fui com minha prima Neuraci, levamos Mel, tiramos várias fotos, comprei uma caneca oficial lindaaa para meu irmão Wagner, só pensava nele e nas minhas irmãs, elas iam adorar estar ali.
Quando meu pai morreu, eu soube a notícia e comecei a chorar. Tia Zina, com sua bengalinha, vinha chegando á UTI, veio fazer uma visita, me viu chorando e perguntou: “A Mel não está bem minha querida?”. Antes que eu abrisse a boca, o enfermeiro olhou para minha tia e falou: “o pai dela que morreu.”
Eu gelei na hora, como ele podia dar aquela notícia assim, sem nem saber o que tia Zina era de painho, sem saber como estava à saúde dela, ela usa marca-passo. Tia Zina só falou: “Zé?” 
Coloquei-a sentada, pedi que ligasse para Fernanda, Paulinha, Juliana, Jane, Rose ou tia Ni e dessem um jeito de cuidar de Mel na UTI, pois eu estava indo pra Bahia enterrar meu pai, se elas não pudessem ficar, Mel ficaria sozinha, aos cuidados da equipe da REC, que era maravilhosa e apaixonada por Mel.
Liguei para Miih Neves, uma amiga de SP, que também entrou na escala de turnos com Mel. Paulinha organizou tudo, se dividiram e cuidaram de Mel para mim. Anjos na terra, podem acreditar. Minha missão foi mais fácil porque fui muito amparada. Nunca estive sozinha.
Eu não poderia citar todos os nomes, porque muitos ajudaram. Mas deixa eu contar essa história. Certa vez, Soraia, conseguiu um hidrato de cloral que parou de ser fabricado na Argentina, o INCOR ficou em falta e só essa sedação acalmava Mel e as crianças da UTI. Ela conseguiu essa medicação controlada, não cobrou nada, me deu para usar em Mel. Ficava no cofre da UTI, e vira e mexe as enfermeiras chegavam: “Mãe da Mel, será que você podia dar 3ml do hidrato de cloral da Mel pra criança do leito 5, ou 7...” No final, o vidro de 50 ml acabou e graças a Deus, Melzinha não precisou usar essa sedação. Mas foi super útil para muitas crianças.
Todos sempre se mobilizaram para nos ajudar. Na festa de um ano de Mel, vieram em comitiva, tornaram nossa noite muito mais feliz. No outro dia viajamos todas juntas para SP, primeira vez que viajei acompanhada, teve turbulência no vôo, passei mal, seguraram Mel para eu ir ao banheiro e esperaram até eu voltar a ficar bem.
Cada vez tenho mais certeza que Deus faz tudo certo, que eu sou muito abençoada em ter esses anjos de luz em minha vida.
Creio que é merecimento também, somos responsáveis pelo que cativamos. Só colhemos o que plantamos. Meu pai abriu o caminho e eu soube continuar. Soube aproveitar esse presente que ele deixou de herança, o amor dessa família é lindo de viver e de sentir. A união deles lá em SP com os aqui da Bahia é algo admirável. Estão sempre perto, mesmo há 2mil km de distância. Um grupo de whats app faz esse link diário e quando essa galera chega aqui na Bahia, é uma festa, uma alegria infinita!
O pessoal do Incor já conhecia cada uma das tias que estavam lá toda semana nos visitando. O dindo de Mel era a paixão delas, ele sempre muito atencioso, deixava elas tranqüilas quando dava notícias de Melzinha pelos corredores. Até hoje elas são apaixondas por ele.
Só posso pedir que Deus abençoe a vida de cada um deles, de todos eles. Que dê saúde e longevidade para continuarem espalhando amor, luz e bondade, eles são assim, são isso tudo!!!
Não citei outros amigos paulistas que também iam ao hospital e eu considero primos, mas são muitas pessoas, seria injusto de minha parte falar uns e não citar os outros. Mas desejo bênçãos grandiosas na vida deles também. É muito bom fazer o bem.
Essa família paulista é uma benção, podem ter certeza do que eu escrevo!


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